13.11.20

Farelos

Em todas as vezes em que me senti tolete, dando aos ares fétida sensação de autodesprezo, fui eu que me dirigi por essas vias Agora, nas outras em que fui contemplado, ganhando o dia fértil sensação de primazia, foi você quem me levou a tal lugar. Conduzo-me por insistências tortas, imprecisas. Mas é dar minhas mãos às suas que me cego ao primeiro entrelaçar de dedos. Falseio o próximo passo pesquisando no ar sua indicação. medito o escuro, ouço a paisagem, sinto a pele áspera ser lixada pelo vento. O trajeto é prazer com calafrio. A queda só acontece ao despir da venda. O destino novo após caminho; O local ao qual fui entregue, é o mesmo! O mesmo caro leitor. Será mesmo que andamos ou foi sedutora descrição de sonhos feita ao pé do ouvido? Ao menos um, dois passos? Tenho certeza que nos movemos, que houve ação. Não estou louco! E pela duração do passeio, afirmo que houveram passos! Sim, saímos do local de início. Mas como é possível ser entregue no mesmo ponto em que houve a partida? Andar em círculos? Não! Eu tenho labirintite, facilmente eu perceberia. Então o quê? E como explicar o cansaço? O suor? As lembranças? Para o próximo convite, jogarei farelos de pão para criar rastro.


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