30.1.14

O Monstro

O monstro que crio dentro de mim
avassala-me. 

Inventara-o por proteção,

Mas o maldito conspirou contra mim!

Aproveitando-se de meus bons momentos de distração,

Foi inofensivamente engrandecendo.

E em pouco tempo 

cogitava, em tom de ameaça, 
possibilidades remotas de tomar meu posto.

Sentiu fúria 

pela minha indiferença quanto ao seu enclausuramento.

Está feroz 

e as amarras já não podem mais com ele.

Sinto-o soltando-se.

Ouço seus gritos ressoando 
pelas paredes que o encarceraram 

Sinto-o chegando à superfície

para cumprir sua promessa,
para se alimentar do que mais deseja: Eu

E sem alarmes,

o banquete foi servido.

Tão repentino que pode ter acontecido 

as três da tarde de qualquer terça-feira.

Diminuo a cada mordida desferida por ele,

acompanhando uma inversa proporção de força e tamanho.

Eis que chego ao ponto 

d´eu me tornar meu próprio monstro,
enquanto fico aprisionado secretamente. 

Sendo impedido 

de ver a vida com meus antigos olhos.
Balançando entre minhas verdades.

Quais minhas fraquezas? 

Onde sempre encontrei vitalidade?
Pra onde foi o absurdo? 

Se mudo o tempo todo

Muda é minha definição.

Ponto! Não conseguirei ser nada. 

Embora, não haja nada que eu não possa ser. 

Balançando entre minhas verdades

Revezo as roupas que visto meu cérebro.

Nunca mais o vi nú.