16.6.14

Junino

Cem pontos de encontro...
Gente que vai se esbarrando,
sotaques se misturando,
jeitos e trejeitos se fecundando.

Gente que vai nascendo, que vai morrendo
e gente que ninguém nem-se-sabe que já viveu.

Gente com uma vida todinha já morrida e que nunca eu ouvi falar. Arre! 
Às vezes penso que o mundo, pra mim, é meu zóio e meu zuvido

Pois
E em toda cidade que eu repousei
Toda estradinha que andarilhei
Em toda roda de fogueira que já fiquei
E em almoço de família que me fartei
Nunca ouvi falar de tais vidas , 
que já se passaram e que nem sei

E eu? Vivinho vivinho, mas só pra quem cruzei.
Acho que não tenho vida nas outras bandas desse vale
Afinal, nunca passei por lá.

Às vezes me dá uma inquietação
de fazer o possível
pra ser vivo em tudo quanto é lugar

E em todo lugar que eu for, estarei vivo
e darei vida a uma porção de gente boa que já encontrei por ai

Tem gente estranha 
e interessante neste mundinho grande 
que minhas pernas alcançam

Espalho com muito bom grado feitios de um bando de gente
Gente que me marcou a vida...
(e que agora são minhas por ter, comigo, compartilhado tempo)

Mas agora sei, que só d’eu viver
Deixo que elas vivam mais um bucado de tempo através de minhas histórias, de minhas lembranças 

Tem gente com suas tristezas ocultas e sorrisos estampados
Gente besta! Quanta gente besta.

Desse tipo de gente
não hei de contar um cisquinho de nada,
Nenhum caco de vida
E nenhuma faísca de aventura. Nada!

Gente tão ruim, que se fecha tanto
mas tanto dentro dos seus quereres e motivações
que parecem viverem sozinhas.

Gente que se foca em conquistar uma pré-morte confortável
Gente sem história, sei lá.
Gente que não vale a pena de se carregar no peito.

Chego mesmo a pensar que algumas ficções,
essas cantigas, ou estórias de livros 
e romances ou poesias,
são mais proveitosas de se propagar, de rememorar.

Não quero vida menos intensa
do que dessas que se pode escrever não.

Temos muito mais em nós
do que uma tinta e papel possam descrever.