Sou levado:
sem rumo, sem remo,
sem força, obra ou manobra
que desfaça esse
arrastar que vaivém.
Esse licor quase
sem gosto
que na mesa, diante
de mim, é posto
é abundante e
vigoroso.
Dele bebo e me
afundo.
Fujo pra fugir do
mundo,
para que ele fuja
de mim também.
Viramo-nos ao contrário
e partimos.
Mas o pior é que
mesmo saindo os
dois juntinho e de fininho
é capaz de nos
trombarmos ali, já na próxima esquina.
Êta mundo todo que
foge pra dentro de mim.
Mundo besta! Só se for...
Que confia a mim
possibilidades de mudanças.
Voz do mundo que
ecoa,
Voz clemente,
afoita, aflita.
Mas a voz do meu
quintal grita.
Voz manipuladora
que abafa as concorrentes.
Tomo murros
por não definir o
lado da esquiva.
Sou levado pelo
irrequieto.
Vida apressada,
regressiva.
Vida que bate e
rebate no meu peito
Que me arrasta por
fora,
E me desloca por
dentro.