7.6.16

Cidade por fora e por dentro

A cidade passa sem fazer pose
Como se eu não a estivesse observando.
A cidade, age, desinibida,
por impulso
pulso, pulso...

A cidade não gangrena,
engendra para escoar,
para dividir, segregar
para sempre faltar e ter onde pedir.

A cidade que amputa seus filhos
e depois lhe dá muletas.
Próteses
de sentidos,
de existência,
de contextos, de casas-maderite,
de justiça-divina-tardia,
de ruas molhadas com pés descalços,
de felicidade e descanso permitido com limite de 48h.

Eu, dentro do aquário ambulante,
a caminho de me encontrar, observo seus filhos e órfãos,
as devastadas paisagens substituídas
por arquitetura retilínea que entedia os olhos.

A cidade desliza por fora ante ao meu destino,
desatenta a mais um observador,
faz-se de desentendida
e abriga no mesmo teto aberto
oprimido e opressor.

A cidade que observo me desvia a atenção e direção
Suga-me para seus problemas estampados em cada parede
e coloca-me no centro, onde clarão e escuro cegam igualmente,
onde não há voz para tanto grito.

A cidade de prédios abandonados e estacionamentos vazios
está em ruínas embora não esteja frágil.
Ainda é boa e aconchegante para alguns filhos.

Edifica-se a hora dos órfãos se apossarem.

Mas o privilégio priva,
o privilégio priva
privilégio priva, priva.

Cerceia.

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