4.12.17

Abrir Parênteses

Saímos. 
E partimos pra onde?

Sem alvo a gente se projeta.
Sem alvo a gente se protege.
Cuidando do instante
Cultuando o durante
Costurando os desejos, nossos remendos.

Sem destino para não enxergar onde daremos.

Este nosso elã, dosado
para evitar perdições,
mas feito tecido que envolve, 
move, absorve, absolve;
Transmuta tolices:
faz um boteco da igrejinha,
da espera-na-fila um grande circo,
do tatame um espaço pra risos.

Altera o meu domínio
Enquanto os corpos interagem 
no improviso, espécie de descoberta 
de um outro tipo de comunicação.

E como falam bem os nossos corpos.

Tateiam o inevitável impulso,
aprendendo este novo idioma. Conversa sinestésica.
Som traduzido em Gosto traduzido em Cheiro
Transa de ideias.
Trama não encerrada no gozo.

Espécie de paixão que é privilégio pra memória
Que tinge o depois
sem tanger o futuro.
Que se perpetua no presente.
Que me acompanha nos melhores pensamentos.
Que gosta de estar.

Que fica e finca.