22.3.19

Mar Ilha

aquele tom vermelho escorrendo pela tua pele
não era sangue
era sol, era quente, vinha desejo, vinho, gotejo
era o rápido silêncio contorcendo o estômago,
cogitando o tempo.
Era a paulatina percepção de perpetuidade.

Seus olhos de flecha, miram e penetram. Lançam
fundo, além da pele, do pêlo, da palavra, da crisálida.
seus versos fincam, ficam
sabe-se lá até quando

desconfio de que possui o poder de tornar o momento imperecível
alongando os segundos e suas cores vermelhas
para debaixo da memória, onde quase nada atinge...e, por lá, tu desfilas
parece íntima do imenso, do inesgotável

e eu, cotidianamente comum, empregado às atividades desimportantes,
forjado em metal de má qualidade,
tropeçando com a vida,
esbarro em ser que me choca. explosiona!

Inevitável manter-se ileso diante de assombroso arrebatamento
Vasto mar. Feito ilha.
Triste é o inatingido. Pena tenho do que permanece intacto.

Tua existência transbordante que me tinge as vestes, tecido da alma,
Trouxe cores que me deleito em observar.

Faz dos encontros esmerados quadros emoldurados na parede do lembrar.