A ausência que preenche e não nomeia o vazio
não é o que vivi, tampouco o que li
não é excesso, nem abandono do mundo.
Por muito tempo: Convivências;
por pouco solidão.
Por muito peco: Conivência;
E nenhum erro é coincidência quando reação à oposição.
Oposto ao ego é angústia
Espécie de voz que sussurra, que sutura,
que aflige pelo timbre,
que atinge em meio íngreme.
Que nos avisa sobre o outro. Outros. Outras propostas,
outros caminhos de sucesso. Suscetíveis.
Que me afronta,
que me informa que o ser
não deveria ser.
Que me atenta às novas modalidades de felicidade.
Eis que a minha felicidade,
de tão frágil,
desaparece de súbito
para que eu possa ver além do mundo,
estar contido nele
E me escapa(!) mesmo com uma linda tarde,
com árvores, crianças, crepúsculo, amores
e enebriante sensação de paz.
Sensação de que o ideal não me completa.
Num bizarro avesso,
o ideal, diante de mim, contempla:
o inacreditável ser que precisa de mais,
que precisa de tanto
para tornar-se simples.
27.6.16
7.6.16
Cidade por fora e por dentro
A cidade passa
sem fazer pose
Como se eu não a
estivesse observando.
A cidade, age, desinibida,
A cidade, age, desinibida,
por impulso
pulso, pulso...
A cidade não gangrena,
engendra para
escoar,
para dividir, segregar
para sempre faltar e ter onde pedir.
para dividir, segregar
para sempre faltar e ter onde pedir.
A cidade que
amputa seus filhos
e depois lhe dá muletas.
e depois lhe dá muletas.
Próteses
de
sentidos,
de existência,
de contextos, de casas-maderite,
de justiça-divina-tardia,
de existência,
de contextos, de casas-maderite,
de justiça-divina-tardia,
de ruas molhadas com
pés descalços,
de felicidade e descanso permitido com limite de 48h.
de felicidade e descanso permitido com limite de 48h.
Eu, dentro do
aquário ambulante,
a caminho de me
encontrar, observo seus filhos e órfãos,
as devastadas paisagens substituídas
as devastadas paisagens substituídas
por arquitetura retilínea
que entedia os olhos.
A cidade desliza
por fora ante ao meu destino,
desatenta a mais um observador,
faz-se de desentendida
e abriga no mesmo teto aberto
oprimido e opressor.
desatenta a mais um observador,
faz-se de desentendida
e abriga no mesmo teto aberto
oprimido e opressor.
A cidade que
observo me desvia a atenção e direção
Suga-me para
seus problemas estampados em cada parede
e coloca-me no
centro, onde clarão e escuro cegam igualmente,
onde não há voz
para tanto grito.
A cidade de
prédios abandonados e estacionamentos vazios
está em ruínas
embora não esteja frágil.
Ainda é boa e
aconchegante para alguns filhos.
Edifica-se a
hora dos órfãos se apossarem.
Mas o privilégio
priva,
o privilégio
priva
privilégio priva,
priva.
Cerceia.
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