18.12.12

Anuir com o ano. Com o ano ir...

Quero, só por curiosidade, provar os limites do corpo
Desgastar toda esta carcaça em discreta descomposição

Quero esgotar todas as minhas idéias
Descartar todos os planos

Quero exaurir todo o tipo de conversa desnecessária
Impedir o excesso de engajamento

Quero sussurrar todo tipo de besteira ao pé do ouvido
Desabotoar toda a sua timidez


Quero grudar na sua boca e chupar todo seu mel
Desapegar desta incerta possibilidade de sofrer

Quero dividir meu corpo
Despejar minhas frações em caldeirões de tribos canibais

Quero nadar no mar em noite de tempestade
Desanuviar meus olhos cinzas

Quero vida e quero agora
Provar d’um agora duradouro
Quero logradouros dentro de mim
Quero guardar tudo que fui esprimido num canto
Quero expandir meus tijolos, refazer a estrutura

Sou consumista,
Quero consumir vida
A minha

Gastá-la,
arrastá-la feito sandália de andarilho

Quero antecipar a morte ao intensificar os segundos,
Imortalizar cada instante vivido,

Quero envelhecer meu próprio passado
Cometer mergulho circense de grande altura, sem rede de proteção

Quero saber pouco e sentir-me infinito.

Sentir a serenidade dum homem isolado e a euforia de um hiperativo.

Quero ser palhaço para a criança,
Ser desorientado para o idoso.
Ser um parâmetro a não ser seguido.

7 comentários:

  1. Que bela arquitetura da vida Bruno. Parabéns !

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  2. Intensidade em nível master!
    Carreguei cada verso.

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  3. Quereres tão legítimos, tão humanos! Muito bom! (Bruno, desejo a vc e todos os seus um Natal repleto de paz e muitas alegrias em 2013) Bjs

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  4. os quereres...
    Ah! Bruta flor do querer
    Ah! Bruta flor, bruta flor

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  5. que é isso?! caralho, muito bom! Identificação. rs

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O que vier de sua cabeça será bem-vindo....