24.7.12

Murmúrio

E quando voltou não era mais o mesmo

Aquela barba dava-lhe aspectos rudes
O olhar sereno e triste deram-lhe o que todos evitaram ver
Tentou preservar-se de suas lembranças, mas elas o puniram

Voltou; E arrastar-se até aqui fora pungente
Dor que aumenta infimamente a cada tomada de ar
Mas tal inofensividade se demonstrou avassaladora
Ao ponto de espremer a consciência
na luta por espaço. Não cabem mais em si

A pele amarelada roubava-lhe a aparência saudável
As deformidades na face exprimiam-lhe chagas
Carregava consigo todas as curas descobertas
Conflitos que o regeneram
São lhe exibidos em forma de alarme

A voz rouca soa feito um rugido
Rouquidão causada por excessos de silêncio
Acúmulo de palavras nas cordas vocais
Palavras com prazo vencido

Som calcificado após tantos não-ditos
Expressa-se agora em tom inaudível

Mas suas palavras ainda fortes
São ouvidas com estranha cordialidade
E com um profundo respeito por tudo aquilo
que não se consegue mais escutar

5 comentários:

  1. Clara idade...

    Fantástico!

    Necessárias conversas sobre o tema, rsrs

    ResponderExcluir
  2. Um brinde à arte de concretizar sentimentos!!
    Sensacional

    ResponderExcluir
  3. Seu jeito de escrever realmente é fora do comum, cria reflexões e emoções, descrições cinematográficas sutilmente declaradas, intencionadas. Delicada escarrada de provocação.
    em outras palavras, você é foda!!

    ResponderExcluir

O que vier de sua cabeça será bem-vindo....