11.8.14

Um Quarto

Faltam detalhes nesta parede. Veja(!) 

Está muito colorida de uma só cor.
Faltam respingos inesperados, sabe?

Quadros e retratos não! Já não bastam... 
Há uma séria carência nelas, percebe?
Faltam manchas, riscos entrecortados, frases ou poesias. 

Não sei, mas essa ideia me parece um tanto óbvia.
Mas falta algo, concordo... Sabe o quê, exatamente?

Talvez....mudar os móveis de lugar... 
Isso pode trazer um novo aspecto. Uma euforia diferente, ainda não experimentada.

Mesmo quando tudo se esvazia
e, ainda assim, não sobra espaço.

Suas paredes não se movem. Demarcam e impedem a expansão.
Este canto está cheio de uma pessoa só.

O teto diz que já se enjoou do seu olhar,
a parede se queixa do seu timbre de voz,
o chão está mais frio de propósito, como repulsa,
os livros se espremem na estante, evitando-te,
as cortinas clamam por um sopro de vento para bailar.

Janelas inertes, móveis se movem agitados.

Olhos procurando por todo o quarto uma saída.

Acharam uma entrada.
Um feixe de sol penetrando o casulo, iluminando o mergulho das poeiras.

De joelhos, perante o invasor, perceberam o que faltava.
Não era um quarto; Não era meio.
Muito menos inteiro.

Encaixaram o olho no filete de luz, deixaram-se cegar.

2 comentários:

O que vier de sua cabeça será bem-vindo....