Saímos.
E partimos pra onde?
Sem alvo a gente se projeta.
Sem alvo a gente se protege.
Cuidando do instante
Cultuando o durante
Costurando os desejos, nossos remendos.
Sem destino para não enxergar onde daremos.
Este nosso elã, dosado
para evitar perdições,
mas feito tecido que envolve,
move, absorve, absolve;
Transmuta tolices:
faz um boteco da igrejinha,
da espera-na-fila um grande circo,
do tatame um espaço pra risos.
Altera o meu domínio
Enquanto os corpos interagem
no improviso, espécie de descoberta
de um outro tipo de comunicação.
E como falam bem os nossos corpos.
Tateiam o inevitável impulso,
aprendendo este novo idioma. Conversa sinestésica.
Som traduzido em Gosto traduzido em Cheiro
Transa de ideias.
Trama não encerrada no gozo.
Espécie de paixão que é privilégio pra memória
Que tinge o depois
sem tanger o futuro.
Que se perpetua no presente.
Que me acompanha nos melhores pensamentos.
Que gosta de estar.
Que fica e finca.
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