6.2.12

Porvir

Um corredor reto e estreito.

Iluminado apenas por uma forte luz presa no teto
há alguns metros de distância.


Somente a frente,
naquele único lugar iluminado,
podia-se ver paredes de alvenaria e um corrimão enferrujado.
O resto escuridão.
Intuia-se ser um local homogêneo.
Receosamente, ergui o braço e alcançei o corrimão.
Conduzi meus passos mais confiantes a partir dali.


O cheiro úmido
e o som dos gotejos distribuidos
eram percepções sentidas
pelos pés a cada poça que os afundavam.

Do meu lado esquerdo
não havia corrimão.
A proximidade
com a parede
não permitia
 que eu esticasse o braço.

Mas além de tudo e oculto
existia intrínseco, no âmago:
Havia uma certeza. E seguramente absoluta.


A claridade a frente indicava o existente.
Chão, corrimão e espremidas paredes de tijolos laranja-enxarcado.


O que não se via após a luz,
embora estivesse iluminado mas ofuscado pela própria intensidade da lâmpada ,
não fazia a menor diferença.



O único caminho a se fazer apresentava-se a frente.


Possibilidades
de surgirem do escuro
novas passagens
                                                                                 o fez ansioso para
logo ficar sob a luz.


Mas não poderia correr.
O corpo resistia heroicamente à vontade de avançar,
mesmo que não fosse apenas um livre arbítrio do corpo.
O ambiente coibia tal ação.

Os passos se seguiam
no compasso de  alguns regulares gotejos.
O ambiente era maestro.
Regia.

Cansado. Os músculos se sobressaiam
a cada movimento.
Repuxava.
Repiração molhada.                                        Mas estava certo e seguia por convicção.

4 comentários:

  1. Isso me lembrou do filme Trainspotting... não sei pq, talvez pela descrição dos sons, cheiros, gotejos..rs

    Enfim,

    sempre ótimo.

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  2. mania ou vicio seguir com convicção mesmo quando a formatação não é tranquila. (???)

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O que vier de sua cabeça será bem-vindo....