18.11.13

Correnteza

Sou levado:
sem rumo, sem remo, sem força, obra ou manobra
que desfaça esse arrastar que vaivém.

Esse licor quase sem gosto
que na mesa, diante de mim, é posto
é abundante e vigoroso.
Dele bebo e me afundo.

Fujo pra fugir do mundo,
para que ele fuja de mim também.

Viramo-nos ao contrário
e partimos.

Mas o pior é que
mesmo saindo os dois juntinho e de fininho
é capaz de nos trombarmos ali, já na próxima esquina.

Êta mundo todo que foge pra dentro de mim.
Mundo besta!  Só se for...
Que confia a mim possibilidades de mudanças.

Voz do mundo que ecoa,
Voz clemente, afoita, aflita.
Mas a voz do meu quintal grita.
Voz manipuladora que abafa as concorrentes.

Tomo murros
por não definir o lado da esquiva.
Sou levado pelo irrequieto.
Vida apressada, regressiva.

Vida que bate e rebate no meu peito
Que me arrasta por fora,

E me desloca por dentro.

2 comentários:

O que vier de sua cabeça será bem-vindo....