Chora o velho artista
Cansado de parecer completo.
É velho
Com racionamento de atividade agindo nos músculos;
Com vontades e coragens joviais
Mas com respiração rija e bronquitosa.
Anda por sua casa rodeada de lembranças
Acha na estante um vinil antigo
Põe para rodar em sua vitrola de sensações
Aquelas lembranças soando através da bela melodia
Linda e já tão distante.
Como estará aquela moça
que se apegou às melodias tristes e distantes?
Um belo disco estala ressoando as notas do tempo
em que a vida esteve presente e intensa.
Agora,
é apenas um passado marcante.
Chora o velho artista,
com sua criatividade impedida pelos músculos fracos e imprecisos.
Por sua frequente falta de inspiração.
Um vazio o preenche
Chora por não saber ao certo o que lhe falta.
Enxuga as lágrimas ao som de suas memórias.
Ao som que o levou a lugares, à momentos revisitados.
A música troca. É animada e o embala.
Aquele antigo Jazz o faz abrir um sorriso sacana, malandro.
Onde estará aquela moça
que se apegou aos momentos animados
e já tão distantes?
Uma breve e alegre nostalgia o toma.
Nostalgia alegre? Nostalgias são quase sempre tristes.
Faz parte de sua essência.
Chora o velho artista. Sorri.
Chora por ser velho,
Por estar novo e ser velho.
Chora pela comparação desleal.
Por reviver na memória seus melhores momentos.
Por reviver na memória seus melhores momentos.
Por saber que ainda vive
e que, por ser velho, já deveria sentir-se completo.
Já não há mais tempo para acertos e para erros
Há somente tempo de sobra
para re-análises
cine-clube
ResponderExcluirOlá Bruno, talvez não saibas mas sou sua fã. Parabéns pela poesia, você é tão jovem para entender de sentimentos velhos e o descreve com tanta propriedade e beleza que emociona. Grande abraço da Meg
ResponderExcluirOlá Meg. Obrigado mesmo pelas palavras. Grande abraço
ExcluirMorangos silvestres...
ResponderExcluirMorangos silvestres...
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