6.9.13

Madrugada

Quando os sonhos me visitam
Deixando, amena, a saudade que sentia,
engolindo-me para dentro da própria cabeça
já é madrugada.

Quando os braços 
- num último resquício de plenitude dos sentidos, reúnem meus pedidos e procura-os -
esticam-se ao máximo. Acham o vazio.
Descobrem-se pouco e curtos 
Você longe.? Não.

Quando o sonho te inventa admitindo a sonolência
Já é madrugada

Não quero sonhar com lindos campos verdes, viagens.
Não quero criar sensações de ilusória alegria
se lá você não estiver

Mas o " quero" não exerce influência sobre os sonhos.
Ainda assim,
numa camada mais profunda que não se pode explicar,
sem intervenção da vontade, 
procuro-te.

E já é madrugada quando a distância, 
embora mantida, anula-se.

Vejo-te, ouço-te, falamo-nos.
Lindo encontro que se passa em minha cabeça. 
Nada longe. Está aqui.

Horas se derramam tranquilamente 
e passeios, encontros, são cinemas marcantes que se passam.
Noite que finalmente adormece.

O despertar...


Chega o despertar.


O despertar não se torna 
ruptura inconsolável ou sonho inatingível.
Faz-me um apressado 
para reviver o sonho de forma real.

A cada novo despertar
Recebo vida descansada 

Inédita vontade de tomar o que me é oferecido,
De romper a madrugada 
de vivê-la

de entregar-me e ser entregue na manhã seguinte
Acompanhado, unido 
até a última camada de meu pensamento, do que sou

2 comentários:

  1. "até a última camada de meu pensamento, do que sou"

    Intenso e lindo como sempre, meu amor.

    Te amo!

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O que vier de sua cabeça será bem-vindo....