O tempo passa de maneiras diferentes.
Cada dia demonstra ter um andamento, um poema contido.
Parece haver variados estilos musicais que permeiam o dia.
Da valsa ao punk, oscilamos. Do soul à rockabilly, dançamos.
Pelas diversas nuances de sinfonia, sentimos-nos discretamente influenciados.
Dou sinais que repito o velho ditado: “dançar conforme a música”. Mas a percepção pode ser diferente.
Nem sempre sabemos os passos da próxima dança.
Guio-me instintivamente pelo ritmo;
as pernas frouxas tentam bater os pés conforme o andamento.
Tento não cair, aprender depressa.
Examino os hábeis dançarinos
como se a observação pudesse ensinar-me algo. Todos eles, por cansaço ou falha na destreza,
esfolaram-se por quedas causadas pelas danças anteriores.
Mas parecem-me, agora, animados
por terem conseguido esquecer-se das quedas
que ainda hoje sofro.
Aproveito ambos os tempos e contratempos que o Tempo me obriga.
Aproveito-os porque os aceito. Pois aproveitar pode ser apenas
utilizar-se da situação
por falta de oposição ou de opção.
Aproveitar / dançar conforme a música, nem sempre significa tirar proveito.
As vezes não me incomodo em ser aquele garoto tímido apoiado na parede enquanto rola o baile da escola.
Eis um desejo que gostaria que se realizasse! :
(um desejo insano e improvável)
A pausa do tempo.(No tempo)
Pausa sabática. Tempo estagnado para uma longa meditação.
Uma interrupção que mantivesse minha idade, conservasse minha saúde já gasta
e alterasse apenas minhas certezas e ideologias.
Refletiria sobre o que sou, sobre o que são os outros,
sobre o que somos quando juntos,
sobre mudanças e negligências, abandonos e permanências.
Talvez deixar de contar com algumas esperanças.
Aprender a ser, na medida certa, receptivo com a realidade,
mais verossímil com meus devaneios
e, talvez, não cobrar tanto da vida. Talvez.
Tiraria conclusões e seguiria adiante mais confiante.
Alcançando uma maturidade velha quando a interrupção terminasse.
Não precisaria tornar-me velho para descobrir
o que deveria ter feito enquanto novo,
enquanto hoje.
Mas o tempo não permite tal privilégio.
Ele se estica e arrasta-me puxando pela perna. Não quero ir, mas vou.
Ele é forte, imenso, ininterrupto, intolerante e imaginário.
E eu... Eu fico
e passo
ao passo em que perco a contagem dos meus segundos. Fico e vou.
O que faz uma oportunidade ser única? O tempo? Os poemas contidos do dia a dia são diariamente extraídos? Dançar é permitir que o corpo sinta a música. Observar a dança tbm pode ser sentir a música.
ResponderExcluirO relógio como tempo
ResponderExcluiro tempo come a vida...
compasso composto
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