Aqueles dias quentes sem refresco já incomodava.
A roupa colada no corpo,
A cabeça ansiosa para antecipar o destino,
O corpo caminhando abringando-se nas sombras.
Que calor era aquele que implorava por noite?
Qual a temperatura, que uma vez atingida, fazia-o esquecer-se dos conflitos,
anuvia-lhe os planos, confundia-lhe as certezas, deixava-o mole?
Nas ideias, apenas devaneios sobre alívios-corpóreos-imediatos.
Geleiras... estão quão distantes daqui?
Do Sol vinha, sentia vir,
uma energia carregada de vigor que abriam os poros,
uma intensidade que afogava o corpo com a própria água. Banhava-nos de nós mesmos.
Os rios; mares; águas; suores dos corpos;
Voavam as águas ao encontro do envolvente, ardente e atraente astro.
No alto o encontro pluvial. Chocavam-se sem impacto.
Flutuavam discretas e invísiveis.
Seu vapor pintava a tarde com uma única cor:
Cinza-sereno
Profecia óbvia;
Já exausta de calor-lançado, despejou com ira a água absorvida,
devolvendo o que não lhe cabia mais. Chuva.
Chora, ato quase triste pelo desapego.
Levada pelos ventos. Permitiu por acalento desanuviar o céu.
Por detrás, risonhamente, ressurgia o astro.
Naturalmente belo, somos natureza. Também
Contribuindo
e recebendo semelhante parcela.
II.
O dia passa, mudam-se as cores.
Apresenta-se a noite manchando o dia com seu novo azul-claro-escurescendo
Noite clara, negra.
Por ali fica, horas-somada-de-horas que silenciam os corpos.
Com sua aúrea pesada, exige descanso.
Desta vez ele resistiu. Ficou a sós, mudo por respeito;
mudo para contemplá-la.
Atento. Absorto. Distraído.
Do negro ao roxo.
De súpeto: está roxo o céu?
De súbito?
Ressurgia o astro que paulatinamente manchava a noite,
espreguiçando-se a cada raio de sol,
o infindável ciclo degradê das cores.
Como criança espantada, encantada pela claridade,
Ele reparava no brilho intenso que surgia,
no velho astro que se erguia.
De suas retas sinuosas
sentia a intensidade difusora.
Detendo a vista sobre o Sol, descansou o espírito.
Por horas a olhá-lo, sem se desviar.
Alterou a mira dos olhos por incômodo,
por cansaço de testa franzida.
Recebeu a força do clarão redondo.
Percebeu que mesmo sem olhá-lo
Ali estava ele!
Encontrava-o em todos os lugares em que pairava a vista.
Até de olhos fechados, no escuro, enxergava-o.
Percebeu que o grande astro estava nele. Encrustrado em sua visão.
Era nítida a imagem do pequeno semblante, a redonda silhueta azul estava em tudo quanto era lugar.
A contemplação da grande estrela marcou-lhe a retina da memória.
O Sol se alongava pelo céu,
sem cauda, sem rastros de seu movimento.
No topo, observando, amadurecendo, aquecendo. Irritava.
A roupa colava no corpo,
A cabeça ansiava para antecipar o destino.
Voltou para casa abringando-se nas sombras.
Começou um outro dia belo e sem refresco. Começou incomodado.
Solta a mente...
ResponderExcluirSubitamente autêntico
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