26.3.12

PARTE I – MEMÓRIA BRUTA

A vida bruta.
A soma de todos os pormenores não é armazenada pela memória.
Portanto a vida bruta não é igual a memória bruta.

O nosso natural amadurecimento é prova
De que não esquecemos de tudo que vivemos.
Mas a memória reduz as dimensões da vida.
As horas idênticas se aglutinam
E as rotinas passam a ter, para a memória, a duração de um único e longo dia.

Uma redução cabível à nossa capacidade, uma adaptação às nossas limitações.

Não há esquecimento por nossa parte
Apenas há-a-não necessidade de lembrarmos de todas as repetições
E/ou uma falta de habilidade para distiguirmos horas tão semelhantes.

Por isso damos importância aos pormenores.
Os detalhes ganham enorme encantamento.

Não lembrar da união cronológica dos nossos segundos até a idade atual é doença que traz vida.

Apesar da intensidade do não-vivido
Sabemos que haverá um descarte natural da maioria dos próximos momentos
Por conseguinte, valorizamos o que ainda não se viveu.

As próximas horas serão mais importantes do que os zilhares de segundos que já consumimos.

Tento compreender o que foi retido para consumir o inabitável.

4 comentários:

  1. "E as rotinas passam a ter para a memória a duração de um único e longo dia" - puxa lembrei do meu trabalho agora , o dia não passa,que biroska...rs!

    Ainda bem que escreveu em meio aos pensamentos estas palavras , pois existirá o descarte natural dos próximos momentos!

    As próximas horas serão mais importantes , pois ao passo que elas chegam não bastam-se , e assim deixam de ser importantes?...e novas horas virão e novos momentos também , mas eles passam , será sempre o futuro ao nunca chegar?

    ^^''

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  2. e quando esqueço de lembrar, ou quando lembro do que não fui

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O que vier de sua cabeça será bem-vindo....